Fazia um frio tremendo lá fora, a chuva que caia há dois dias batia em sua janela. O quarto enegrecido iluminado apenas por uma fraca lâmpada de um abajur que refletia uma folha em branco. Cinzas de um cigarro tinham caído a centímetros de um cinzeiro. O homem cansado que ali estava refletia sobre o que escreveria. Há uma hora encarava aquela pagina, fumando incansavelmente, levantando, pensando, deitando e novamente sentando em frete a uma maquina de datilografar.
Sobre o que
escrever? Romance? Mistério? Terror? Apenas se apertasse algumas daquelas
letras naquela sua maquina antiga, a sua imaginação ia ser puxada em diversas
direções.
Assim,
decidiu-se:
“Era uma
vez...” Leu essas três palavras e puxou furioso a pagina amassando-a e deixando
de lado.
Decidiu
novamente:
“Há um longo
tempo atrás” Encarou a pagina e novamente a puxou, amassando e colocando-a de
lado como a outra.
Decidiu mais
uma vez:
“Quando
naquela cidade havia uma grande mulher”. Estudou, encarou, escreveu mais um
pouco e dessa vez puxou a folha amassando e jogando as três recém-possíveis
livros na lixeira.
Jogou-se na
cama olhando o teto de seu quarto escuro. O que pensava que estava fazendo? O
que o fazia pensar que podia escrever um livro? Por que, miséria, ele achava
que era um escritor?
Decidido
acabar com aquilo, pegou o cesto com seus papeis descartados e desceu
firmemente as escadas indo a sua sala para jogar aquelas inúteis palavras na
lareira.
Sua porta
tremia contra uma luta incansável contra o vento. Ignorando esse fato, jogou todas
as folhas de uma vez na lareira, assim que o ultimo papel amassado caiu no fogo
a porta se abriu sobressaltando-o.
Folhas que
estavam queimando voavam pela sala misturando-se a cinza e caiam em seu tapete.
Aquela dança de vento papel e fogo transformou num belo redemoinho de suas
palavras. Encantado, pegou varias folhas de papel chamuscados e alguns foram
apagados por sopros rápidos antes que acabassem com uma frase.
Assim no meio
da sala, suja de cinza e com um vento bastante forte, uma historia aparecia e
um livro se tornaria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário