segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Escritor


     F
azia um frio tremendo lá fora, a chuva que caia há dois dias batia em sua janela. O quarto enegrecido iluminado apenas por uma fraca lâmpada de um abajur que refletia uma folha em branco. Cinzas de um cigarro tinham caído a centímetros de um cinzeiro. O homem cansado que ali estava refletia sobre o que escreveria. Há uma hora encarava aquela pagina, fumando incansavelmente, levantando, pensando, deitando e novamente sentando em frete a uma maquina de datilografar. 
Sobre o que escrever? Romance? Mistério? Terror? Apenas se apertasse algumas daquelas letras naquela sua maquina antiga, a sua imaginação ia ser puxada em diversas direções.
Assim, decidiu-se: 
“Era uma vez...” Leu essas três palavras e puxou furioso a pagina amassando-a e deixando de lado.
Decidiu novamente:
“Há um longo tempo atrás” Encarou a pagina e novamente a puxou, amassando e colocando-a de lado como a outra.
Decidiu mais uma vez:
“Quando naquela cidade havia uma grande mulher”. Estudou, encarou, escreveu mais um pouco e dessa vez puxou a folha amassando e jogando as três recém-possíveis livros na lixeira.
Jogou-se na cama olhando o teto de seu quarto escuro. O que pensava que estava fazendo? O que o fazia pensar que podia escrever um livro? Por que, miséria, ele achava que era um escritor?
Decidido acabar com aquilo, pegou o cesto com seus papeis descartados e desceu firmemente as escadas indo a sua sala para jogar aquelas inúteis palavras na lareira.
Sua porta tremia contra uma luta incansável contra o vento. Ignorando esse fato, jogou todas as folhas de uma vez na lareira, assim que o ultimo papel amassado caiu no fogo a porta se abriu sobressaltando-o.
Folhas que estavam queimando voavam pela sala misturando-se a cinza e caiam em seu tapete. Aquela dança de vento papel e fogo transformou num belo redemoinho de suas palavras. Encantado, pegou varias folhas de papel chamuscados e alguns foram apagados por sopros rápidos antes que acabassem com uma frase.
Assim no meio da sala, suja de cinza e com um vento bastante forte, uma historia aparecia e um livro se tornaria.